Orla + Aerolito
2023
Onde os olhos não tocam, curadoria de Leonor Carrilho, Galeria Liminare, Lisboa
Orla-eco 2023
giz sobre fragmentos de ardósia, aprox. 30 x 50 cm
Orla (2023) surge na continuidade do projeto Desenho natural. A água flui na linha.
Composta por uma série de fragmentos de ardósia recolhidos nas praias de Esposende, Orla parte de um exercício de atenção, desde o reconhecimento das formas moldadas pelo mar e pelo vento, à percepção do tempo longo que lhes deu origem. O gesto inscrito procura um lugar entre estas marcas, escolhendo para tal o registo simples da linha e da repetição (acumulação) das suas instabilidades e procurando um encontro entre as linhas naturais prévias e as linhas desenhadas. A efemeridade do gesto (reversível e facilmente apagável), segue uma escolha consciente de não incisão, de não destruição da superfície, mas antes de relação sensível com o que já lá está. É um gesto que se deposita, tal como o calcário que deu origem ao giz utilizado (de origem sedimentar marinha). Além da relação simbólica e material, o giz adiciona mais uma camada de relação pela remissão aos métodos de aprendizagem, substituindo o treino das formas abstratas dos caracteres (já desligados das formas naturais que lhes deram origem - David Abram), por uma reconexão com as linhas naturais.
A linha atua como uma espécie de limiar: entre linha natural e linha desenhada, entre desenho e caligrafia, entre processo natural e linguagem cultural.
Esta série foi especialmente concebida para a exposição onde os olhos não tocam, com obras de Juliana Matsumura e Rosanna Bach, curated by Leonor Carrilho. [ler o texto da folha de sala]
Orla 2023
Vistas da exposição colectiva Onde os olhos não tocam, com Juliana Matsumura e Rosanna Bach, curadoria de Leonor Carrilho, Galeria Liminare, Lisboa
Orla 2023
giz e pastel seco sobre fragmentos de ardósia, 5 peças, dimensões variáveis
Aerolito 2023
vídeo full HD, 16:9, cor, som, 17'44'', loop, projeção sobre tecido, 191,4 x 107,7 cm
Vistas de exposição colectiva Onde os olhos não tocam, com Juliana Matsumura e Rosanna Bach, com curadoria de Leonor Carrilho, na Galeria Liminare, Lisboa
Aerolito 2023
vídeo full HD, 16:9, cor, som
Aerolito (2023) é um vídeo cíclico (em loop) que surge da oposição dinâmica entre peso e leveza.
Partindo do fenómeno com o mesmo nome, que se refere a pedras caídas do céu, Aerolito transporta-nos para um lugar de limiar: entre a levitação das nuvens e a ameaça de colisão, entre o som do vento e o som de choque entre pedras, entre o excesso de luz e a total escuridão.
As nuvens, símbolos de metamorfose constante, contrastam com as pedras como símbolo de imobilidade (aparente). Um tempo lento e um tempo fugidio encontram-se neste vídeo, em que um pequeno momento de aproximação entre nuvens é repetido e revirado, preso numa tensão potencial, nunca resolvida.